terça-feira, 24 de maio de 2011

Restart em preto e branco: biografia revela momentos difíceis nas vidas dos coloridos


Até os coloridos da Restart têm seu lado preto e branco. Na recém-lançada biografia da banda de happy rock, "Coração na mão" (Editora Benvirá, R$ 35), os jovens músicos dão depoimentos reveladores sobre os maus bocados por que passaram antes de saírem do anonimato. O livro conta que Pe Lanza perdeu um irmão atropelado, Koba teve uma meningite que quase o matou e Pe Lu e Thomas tiveram graves complicações ao nascer.
— Sempre quisemos contar nossa história. Tem muita gente que fala da gente e não nos conhece bem. São coisas que talvez nem os fãs saibam — diz o vocalista Pe Lu, que acrescenta: — O que mais me emocionou foi falar sobre a perda do meu avô, que significava muito para mim.
O livro remonta às antigas bandas do quarteto e revela que nos primeiros shows eles precisaram pagar para tocar. Outra curiosidade ocorreu em 2008, quando Thomas passou por uma dificuldade financeira e chegou a anunciar que deixaria o grupo.
A tarefa de revolver o passado e a intimidade dos coloridos coube à jornalista Fátima Gigliotti, que acompanhou a banda em turnê e entrevistou os parentes dos jovens.
— Quando falávamos de alguma história mais tocante os meninos geralmente me pediam para falar com os familiares — explica Fátima.
Leia abaixo alguns trechos do livro
Sobre a perda do irmão de Pe Lanza
“Quando (o Pe Lanza) tinha dez meses, a família foi vítima de uma tragédia. (...) No dia 24 de janeiro, o Marco (irmão de Pe Lanza), que estava com doze anos, saiu com o primo Fabio para passear na praia e tomar sorvete, como fazia todas as tardes. Quando eles estavam voltando para casa, o farol fechou, o Fabio atravessou a rua e o Marco ficou no acostamento, esperando um carro passar, mas foi atropelado. O acidente foi muito grave, o Marco sofreu politraumatismo craniano, teve o pulmão perfurado e não resistiu. (...) Para o Pe Lanza, a lembrança se fez com as histórias que a mãe, a irmã e o pai contaram, porque ele era muito bebê quando perdeu o irmão. ‘A lei da vida é um filho enterrar a mãe, e não a mãe enterrar um filho tão novinho como aconteceu, não é?’, pergunta o Pe Lanza.”
Sobre a doença de Koba
“Se a gravidez foi tranquila, os primeiros anos de vida do Koba não foram fáceis. (...) Nos primeiros cinco dias de vida, ele vomitava tudo o que mamava, e começava a ficar muito magrinho. A Rita levou o bebê para o Hospital Beneficência Portuguesa, que tinha mais recursos pediátricos, e obteve o diagnóstico: estenose do piloro, uma doença congênita de causa desconhecida, caracterizada pelo estreitamento da abertura o estômago para o intestino. O caso do Koba era muito grave, e o médico sugeriu duas opções. A primeira era uma cirurgia, que trazia risco de morte. ‘Disseram que meu filho podia não voltar da mesa de operação, já que ele estava muito debilitado’. A segunda opção era uma dilatação do piloro feita por endoscopia, seguida de um regime de superalimentação, para alargar a passagem entre o estômago e o intestino.”
Sobre os problemas financeiros da C4 (anterior à Restart)
“No começo de 2008, houve uma situação complicada para a C4 enfrentar. A família do Thomas estava passando por uma fase financeira difícil, e a mãe dele estava com sérios problemas de saúde. Os shows estavam indo bem, a banda crescia, mas ninguém ganhava nada, e, como o Thomas precisava de grana, ele comunicou aos moleques, ao Duds e ao Didio que iria sair da banda. Foi como ter jogado uma bomba no colo de todo mundo, mas, além do apoio moral, ninguém tinha muito como ajudar também. Os meninos marcaram um ensaio num estúdio perto da casa do Thomas, com o novo candidato às baquetas, que era colega de sala do Pe Lu, e pediram para o Thomas aparecer para dar umas dicas. ‘Foi um fiasco total’, lembra o Duds.”

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